Ultimamente venho observando com mais cuidado o meu semelhante. Seus hábitos, alegrias, preocupações, medos, aspirações, inseguranças, paixões, enfim, todos sentimentos que em algum momento da vida todos experimentamos.
Quando prestamos atenção no outro, fica mais fácil identificar as nossas limitações, entendermos a nós mesmos, aceitamos o que não podemos mudar, tentamos mudar o que é necessário, restaurar forças, seguir em frente ou chorar.
Através do outro aprendemos preciosas e valiosas lições sobre nós mesmos. Somos o espelho uns dos outros.
E quando alguém que amamos clama por ajuda? Como fazer? O que sentimos? Se estamos envolvidos demais, será que realmente somos capazes de ajudar?
Num primeiro momento, os primeiros sentimentos que me vem a cabeça são impotência, indignação.
“Como isso foi acontecer com tal pessoa?”, “Se fosse comigo, eu teria feito dessa maneira! Já estou acostumado a lidar com situações semelhantes à essa.”, ou, “Queria que fosse comigo! Tal pessoa não merece passar por isso! Que fardo!”
Falamos e sentimos tanto que quando algo abate alguém que verdadeiramente amamos, nos abate também.
Não importa se é pai, mãe, filho, amigo. O fato é que quando alguém que amamos se fere ou sofre, sofremos junto.
Ninguém quer ver quem ama enfrentar alguma dor, um dissabor, uma decepção, um desamor. Ao contrário! Aos que amamos, desejamos o melhor. A felicidade e realização deles é o que nos completa. O bem estar do outro é o meu bem estar.
Como respeitar o aprendizado do outro sem sofrer? Como ajudar sem machucar? Como fazer sem interferir no livre arbítrio?
Os altos e baixos vem para todos… Para os ricos e pobres, felizes e infelizes, para os saudáveis e doentes.
Ninguém está livre de sentir ou viver algo que não é bem-vindo.
Acho que, de alguma maneira, todos aceitamos quando uma dificuldade ou um desafio nos abate, mas, como agir quando somos obrigados a assistir ao aprendizado do outro?
Assistir algo que nos machuca, não é saudável, não é bom. Dói, mas às vezes é necessário para benefício do outro. Essa também é uma maneira de fazer caridade.
Não temos o direito de interferir na vida do outro. Podemos mostrar o caminho, dar conselhos, afagar, sorrir ou chorar junto, mas assumir o problema e resolver, isso não podemos fazer. O aprendizado é individual.
Somos únicos perante os olhos do Pai. Cada um de nós tem a sua própria luz, e tem também a sua própria caminhada para trilhar.
Podemos nos apoiar, orar uns pelos outros, aconselhar, falar palavras de otimismo, de amor, estar ao lado, mas é só.
A busca pela própria redenção é solitária. O caminho é uma estrada estreita sem começo, meio e fim. A quantidade de pedras a retirar da caminhada vai depender de cada um de nós, O peso, a dor e a dificuldade também.
Todos os desafios e dificuldades apresentados em nossas vidas, vem exatamente da maneira que deveriam vir. Não são maiores e nem menores. Se chegou até nós é porque somos capazes de superá-lo.
Portanto, para ajudar alguém, primeiramente ajude a si mesmo. Pare de sentir pena do outro. Sentir pena não vai ajudar e nem aliviar o fardo, pelo contrário, só vai aumentá-lo.
Ore mais, renove a sua fé.
Olhe para dentro de você. Não tenha medo do que vai encontrar.
Chore, se necessário for. Chorar alivia o coração e a alma. Renova as energias.
Sorria, mesmo que seja um sorriso dolorido.
E quando alguém lhe pedir ajuda, ajude! Faça caridade, sempre!
Converse mais, dê mais amor, seja mais otimista.
O mundo precisa de pessoas que plantem mais flores do que espinhos…Precisa de mais sorriso do que lágrimas… Mais amor e menos dor…
Encoraje o teu próximo. Quando o desafio dele chegar, pode ser que num primeiro momento ele não vá saber direito o que fazer, mas se souber e sentir que você estará ao seu lado, sendo o seu porto seguro, certamente a caminhada dele se tornará um pouco mais leve e fácil e passar.
Beijos no coração,
Samara Garcez